(Poe/Art interpretação)
Desconhecia quantas vezes se apaixonara.
Homens (diversos) brincaram com seu coração,
que já não era o mesmo de quando ali
Certo dia, decidira ficar, embora não tivesse
noção de quanto ainda lhe reservava o destino.
A juventude ia ficando para trás.
Tinha agora quase trinta e cinco anos, vividos
entre momentos fugazes de luxo, seguidos pela
dor do abandono e da decepção.
Quantas vezes, quase desiludida da vida,
em seu mundo solitário sonhou com
outras possibilidades.
Naquela manhã estava ali para mais um
ritual de despedida.
Ele era o único que, mesmo tendo partido outras vezes, cumpria a promessa de retornar
para seus braços.
Mas, seu coração acenava-lhe um
pressentimento estranho:
-"Será que ele ainda vai voltar?"
Com o peito dilacerado, a alma deprimida e os
olhos em prantos, levantou mais cedo para
abraçar e beijar seu grande amor, e quem
sabe, dizer adeus para sempre
ao jovem bonito, elegante e conquistador,
de outras terras, que roubara seu
coração de menina desprotegida.
Era chegada a hora de partir.
Amor de marinheiro é assim...
Coração desapegado, sentimentos voláteis, sem
paradeiro fixo em lugar nenhum, igual
as espumas das ondas.
Seu olhar embaçado pelas lágrimas acompanhou à
distância até o navio sumir por inteiro.
-"Será que ele ainda vai voltar?"
Construir novos sonhos era preciso.
... Dessa vez... havia a certeza de que não
ficara sozinha.
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Ísis Dumont
Informações sobre o processo criativo dessa modalidade na página do escritor Maurício de Oliveira, no link abaixo:http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos